sexta-feira, 1 de março de 2024

SÍNDROME DE BURNOUT: FORMAS DE PREVENÇÃO

 



A síndrome de burnout (SB), conhecida como síndrome de esgotamento profissional, é descrita como um processo de adoecimento psicofísico decorrente da exposição intensa ao estresse crônico no ambiente de trabalho1. A SB é constituída por três dimensões: a exaustão emocional se relaciona ao relato da falta de energia e sentimento de esgotamento de recursos com relação ao trabalho, tendo como maior causa o conflito pessoal nas relações e a sobrecarga de trabalho; a despersonalização corresponde à dissimulação afetiva, ao distanciamento e tratamento impessoal dos pacientes, podendo apresentar sintomas como falta de comprometimento com os resultados, conduta voltada a si mesmo, alienação, ansiedade, irritabilidade e desmotivação; e a baixa realização profissional se caracteriza pela autoavaliação negativa, insatisfação com seu desenvolvimento e declínio no sentimento de competência e êxito.

A reflexão acerca dos impactos causados pela Síndrome de Burnout, no gerenciamento de pessoas é atual e de extrema importância considerando o cenário pós-pandêmico que a humanidade enfrenta. Atualmente, o Brasil ocupa o 2° lugar  no  ranking  de  trabalhadores  com SB,  perdendo  apenas  para  o  Japão2.  O aumento dessa realidade se deu em decorrência da pandemia, porém essa condição já existia. A pressão causada pelo stress rotineiro ao exercer o trabalho em casa, estudos, atividades domesticas alinhadas a  um  ambiente  de  trabalho  desagradável  e insalubre  mentalmente  deixou  uma  carga  muito  maior  do  que  antes  da pandemia, quando se poderia atribuir algumas dessas atividades à terceiros. A SB normalmente está associada a alta carga laboral, baixo controle sobre o processo de trabalho e pouco suporte da chefia e de colegas3. Além desses aspectos, os efeitos negativos da pandemia de COVID-19 trouxeram novos fatores que podem aumentar o risco de esgotamento nos profissionais de saúde4,5.

A SB, conforme as novas diretrizes da  Organização  Mundial  da  Saúde (OMS), desde janeiro de 2022, é considerada como doença ocupacional, sendo incluído na CID-11, portanto a intervenção e indicação para o melhor tratamento deve ser feito por um médico. Ao se tomar medidas, sejam de prevenção ou tratamento,  é  preciso  conhecer  os conceitos  de  tais  estados  na  sua  essência,  para  que  não  ocorram  distorções como  comumente  acontece,  referindo-se  ao  Burnout  como  um  sinônimo  de estresse,  quando  na  verdade  é  uma  resposta  de  um  estresse  crônico6.  É, no entanto, relevante associar esses termos relacionando-os com a prática dentro do contexto organizacional.

Algumas ações básicas no  dia  a  dia  que  podem  ajudar  no  enfrentamento  e prevenção da SB, tais como: adotar hábitos mais saudáveis; regular os horários de  alimentação  e  mantê-la  balanceada;  dormir  e  descansar  bem,  conforme  a necessidade;  praticar  exercícios  físicos  de  forma  regular;  realizar  atividades prazerosas e agradáveis no tempo livre; descobrir talentos pessoais; aprender a dizer  não;  saber  administrar  melhor  o  tempo;  fazer  amizades;  aprender  a  ser mais flexível; buscar se afastar de agentes estressores e relaxar7.

Em continuação, uma das principais estratégias para prevenir a síndrome é enfatizar a promoção dos valores humanos no ambiente de trabalho, para fazer dele uma fonte de saúde e realização. Cabe a cada pessoa iniciar um processo de mudança pessoal e institucional, com propostas construtivas e participativas. Se os ambientes são mais fechados e resistentes, convém administrar a própria saúde e buscar aliados para  iniciar  um  movimento  que  leve  à  construção  de espaços mais saudáveis no contexto de trabalho.


Alice Mariana Hupp Sacramento

Médica/ Mestre em Ciência Animal

 

Referências Bibliográficas

1.       Ferreira NN, Lucca SR. Burnout syndrome in nursing assistants of a public hospital in the state of São Paulo. Rev Bras Epidemiol 2015; 18(1):68-79.

2.       ESTADÃO, 2021. Segundo  pesquisa,  Brasil  ocupa  2º  lugar  no  ranking  de trabalhadores com Burnout. São Paulo. 2021. Disponível em: https://patrocinados.estadao.com.br/medialab/releaseonline/releasegeral-releasegeral/segundo-pesquisa-brasil-ocupa-2o-lugar-no-ranking-de-trabalhadores-com-burnout/. Acesso em 13 fevereiro 2024.

3.       Theorell T, Karasek RA. Current issues relating to psychosocial job strain and cardiovascular disease research. J Occup Health Psychol 1998; 1(1):9-26.

4.      Franc-Guimond J, Hogues V. Burnout among caregivers in the era of the COVID-19 pandemic: Insights and challenges. Can Urol Assoc J. 2021; 15(6 Suppl. 1):s16-s19.

5.       Orrù G, Marzetti F, Conversano C, Vagheggini G, Miccoli M, Ciacchini R, Panait E, Gemignani A. Secondary traumatic stress and burnout in healthcare workers during COVID-19 outbreak. Int J Environ Res Public Health 2021; 18(1):337.

6.       OLIVEIRA, L. P. S.; ARAÚJO, G. F. Características da síndrome de burnout em enfermeiros da  emergência  de  um  hospital  público.  Revista  Enfermagem Contemporânea, Revista   Enfermagem   Contemporânea,   v.5,   n.1,   p.34-42, Jan./Jun., 2016. Disponível em: https://www5.bahiana.edu.br/index.php/enfermagem/article/download/834/645 . Acesso em 15 de fevereiro de 2023

7.           FLEURY.  M. A  informação  como  estratégia  de  prevenção  da  Síndrome  de Burnout.Novembro de 2010. Disponível em http://www.artigos.com/artigos/humanas/psicologia/a-informacao-como-estrategiade-prevencao-da-sindrome-de-burnout-12274/artigo/#.UjoXNH9Lhfw . Acesso em 15 fevereiro 2024.

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