A
síndrome de burnout (SB), conhecida como síndrome de esgotamento
profissional, é descrita como um processo de adoecimento psicofísico decorrente
da exposição intensa ao estresse crônico no ambiente de trabalho1. A SB é constituída por três dimensões: a exaustão emocional se relaciona ao relato da falta de energia e
sentimento de esgotamento de recursos com relação ao trabalho, tendo como maior
causa o conflito pessoal nas relações e a sobrecarga de trabalho; a despersonalização corresponde à dissimulação afetiva, ao
distanciamento e tratamento impessoal dos pacientes, podendo apresentar
sintomas como falta de comprometimento com os resultados, conduta voltada a si
mesmo, alienação, ansiedade, irritabilidade e desmotivação; e a baixa realização profissional se caracteriza pela autoavaliação negativa,
insatisfação com seu desenvolvimento e declínio no sentimento de competência e
êxito.
A
reflexão acerca dos impactos causados pela Síndrome de Burnout, no
gerenciamento de pessoas é atual e de extrema importância
considerando o cenário pós-pandêmico que a humanidade
enfrenta. Atualmente, o Brasil ocupa o 2° lugar no
ranking de trabalhadores
com SB,
perdendo apenas para o Japão2. O aumento dessa realidade se deu em
decorrência da pandemia, porém essa condição já existia. A pressão causada pelo
stress rotineiro ao exercer o trabalho em casa, estudos, atividades domesticas
alinhadas a um ambiente
de trabalho desagradável
e insalubre
mentalmente deixou uma
carga muito maior
do que antes
da pandemia, quando se poderia atribuir algumas dessas
atividades à terceiros. A SB normalmente está associada a alta carga
laboral, baixo controle sobre o processo de trabalho e pouco suporte da chefia
e de colegas3. Além desses aspectos, os efeitos negativos da pandemia
de COVID-19 trouxeram novos fatores que podem aumentar o risco de esgotamento
nos profissionais de saúde4,5.
A SB, conforme
as novas diretrizes da Organização Mundial
da Saúde (OMS), desde janeiro
de 2022, é considerada como doença ocupacional, sendo incluído na CID-11, portanto a
intervenção e indicação para o melhor tratamento deve ser feito por um
médico. Ao se tomar medidas, sejam de prevenção ou tratamento, é preciso conhecer
os conceitos
de tais estados
na sua essência,
para que não
ocorram distorções como comumente
acontece, referindo-se ao
Burnout como um
sinônimo de estresse, quando
na verdade é uma resposta
de um estresse
crônico6. É, no entanto, relevante associar esses termos
relacionando-os com a prática dentro do contexto
organizacional.
Algumas ações básicas no dia
a dia que
podem ajudar no
enfrentamento e prevenção da SB,
tais como: adotar hábitos mais saudáveis; regular os horários de alimentação
e mantê-la balanceada;
dormir e descansar
bem, conforme a necessidade; praticar
exercícios físicos de
forma regular; realizar
atividades prazerosas e agradáveis no tempo livre; descobrir talentos
pessoais; aprender a dizer não; saber
administrar melhor o
tempo; fazer amizades;
aprender a ser mais flexível; buscar se afastar de
agentes estressores e relaxar7.
Em continuação, uma das principais estratégias para prevenir a síndrome é enfatizar a promoção dos valores humanos no ambiente de trabalho, para fazer dele uma fonte de saúde e realização. Cabe a cada pessoa iniciar um processo de mudança pessoal e institucional, com propostas construtivas e participativas. Se os ambientes são mais fechados e resistentes, convém administrar a própria saúde e buscar aliados para iniciar um movimento que leve à construção de espaços mais saudáveis no contexto de trabalho.
Alice
Mariana Hupp Sacramento
Médica/
Mestre em Ciência Animal
Referências
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Paulo. Rev Bras
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2.
ESTADÃO, 2021. Segundo
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2º lugar no
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https://patrocinados.estadao.com.br/medialab/releaseonline/releasegeral-releasegeral/segundo-pesquisa-brasil-ocupa-2o-lugar-no-ranking-de-trabalhadores-com-burnout/.
Acesso em 13 fevereiro 2024.
3.
Theorell T, Karasek RA. Current
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J Occup
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4. Franc-Guimond J, Hogues V.
Burnout among caregivers in the era of the COVID-19 pandemic: Insights and
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Orrù G, Marzetti F,
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6.
OLIVEIRA, L. P. S.; ARAÚJO, G. F. Características da síndrome
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Enfermagem Contemporânea, v.5,
n.1, p.34-42, Jan./Jun., 2016.
Disponível em:
https://www5.bahiana.edu.br/index.php/enfermagem/article/download/834/645 .
Acesso em 15 de fevereiro de 2023
7.
FLEURY. M. A informação
como estratégia de
prevenção da Síndrome
de Burnout.Novembro de 2010. Disponível em http://www.artigos.com/artigos/humanas/psicologia/a-informacao-como-estrategiade-prevencao-da-sindrome-de-burnout-12274/artigo/#.UjoXNH9Lhfw
. Acesso em 15 fevereiro 2024.
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